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MEIO AMBIENTE

A América Latina e o Caribe desafiam as mudanças no clima

Apostam por um desenvolvimento sustentável através da redução dos gases de efeito estufa

Inundações pelas chuvas torrenciais na Cidade do México.
Inundações pelas chuvas torrenciais na Cidade do México.EFE

A América Latina e o Caribe são zonas climáticas altamente vulneráveis aos impactos das mudanças no clima e, embora na atualidade sua emissão de gases de efeito estufa se mantenha baixa em relação aos níveis globais, suas demandas de energia crescem à medida que se industrializam e se urbanizam.

É por isso que ambas as regiões decidiram tomar posição no assunto e apostar em projetos sustentáveis que garantam um desenvolvimento que respeite o meio ambiente e uma transformação econômica para o uso de energias limpas e programas de baixa emissão de gases de efeito estufa. Através de fundos provenientes do CIF, Climate Investment Funds (fundos constituídos por numerosos países europeus e os EUA para financiar projetos eco-sustentáveis), estão sendo desenvolvidos 39 projetos em treze países da América Latina e do Caribe. Juntos somam um investimento de 686 milhões de dólares (1,52 bilhão de reais), o que representa 8,5% dos 8 bilhões de dólares que o CIF destina aos países em vias de desenvolvimento.

O dinheiro é distribuído através de cinco bancos de desenvolvimento em todo o mundo. No caso da América Latina e do Caribe, usa-se o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que facilita créditos aos governos (com juros abaixo de 1%) e às empresas privadas. O objetivo é impulsionar programas que promovam energias limpas, reflorestamento, práticas agrícolas que respeitem o meio ambiente, restauração e preservação de ecossistemas degradados (como a barreira de coral na Jamaica e no Haiti) e o acesso à água, entre outros.

O Chile participa do programa, incidindo nas energias limpas, especialmente na solar, já que o desafio do governo é conseguir, até 2020, contemplar a transformação para energias renováveis.

O desafio do México também é parecido: até 2024, 35% do que se produz precisa depender de energias renováveis. O país está engajado, além do mais, no programa de reflorestamento do solo.

No caso da Colômbia, o segundo país do mundo com mais conflitos sócio-ambientais, o desafio é administrar os recursos e apostar em energias mais eficientes, um projeto que está em andamento.

A ideia é saber a cada um ano e meio se os projetos estão chegando às comunidades e como estão funcionando

No Peru, os efeitos das mudanças climáticas obrigaram muitas pessoas a emigrar a outras zonas, por isso começam a ser implementados programas de reflorestamento, "apesar de haver muitos interesses contrários", segundo o jornalista Carlos Muñoz.

A Bolívia, o Brasil, Honduras, a Nicarágua e a região do Caribe abraçam também iniciativas comprometidas com a baixa emissão de gases de efeito estufa.

Esta semana, mais de 200 membros participantes nas iniciativas do CIF se reúnem na Jamaica no âmbito do Fórum 2014 para compartilhar experiências, trocar opiniões e fazer contatos. A ideia é verificar, a cada ano e meio, se os projetos – iniciados em 2008 – estão chegando às comunidades-alvo e como estão funcionando.

As principais críticas vêm das comunidades e do setor privado, que se queixam da lentidão dos projetos e da falta de coordenação. Essa é a opinião de Bessy Liliana, diretora de planejamento do Flex Energy Group, que participa do desenvolvimento de um projeto piloto de energia renovável e sustentável em Honduras: "Falta comunicação entre as comunidades rurais e o CIF. No papel, parece muito bonito, mas o que tem sido feito não chega às pessoas das comunidades rurais. O planejamento é bom, mas não há contato com as comunidades, e além disso o projeto avança muito lentamente. Precisamos dizer muito claramente que o setor privado não pode esperar, está acostumado a outros ritmos. Neste momento, a credibilidade dos fundos está sob suspeita".

Muito diferente é o ponto de vista de Shaanti Kapila, encarregada da administração dos fundos do CIF: "A transformação social e a mudança de mentalidade no modelo de desenvolvimento que esses projetos implicam não acontece do dia para a noite, isso demora, é preciso colocar muitas partes em acordo e superar resistências".

"Os fundos prosseguem seu caminho, com uma estratégia de flexibilidade e adaptação aos desafios", diz Andrea Kutter, coordenadora do programa de reflorestamento, uma das questões mais polêmicas em muitos países, do qual participam Brasil, México e Peru.

No entanto, os 8 bilhões de dólares (quase 18 bilhões de reais) que o fundo possui em nível global não são suficientes, "mais bilhões são necessários", ressalta Kapila. Por isso, no mês de novembro, esses fundos darão lugar aos Climate Green Funds (fundos verdes), vinculados à ONU e com uma dotação financeira mais substancial.

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