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Marine Le Pen fica sem grupo próprio no Parlamento Europeu

A suspeita de antissemitismo frustra sua aliança com o holandês Wilders

Lucía Abellán
Os líderes da ultradireita da França e Holanda, Marine Le Pen e Geert Wilders.
Os líderes da ultradireita da França e Holanda, Marine Le Pen e Geert Wilders.

Uma das grandes vencedoras das eleições europeias, a extremista francesa Marine Le Pen, fracassou em seu principal objetivo desde a noite das eleições: conseguir um grupo parlamentar próprio. A líder da Frente Nacional, ganhadora das eleições na França com 25% dos votos, não conseguiu aglutinar os eurodeputados necessários em torno a seu projeto. Le Pen perde assim a batalha contra outro grande triunfador do 25-M, o britânico populista Nigel Farage, que conseguiu formar um grupo, com as vantagens de financiamento, visibilidade e influência que isso traz.

"Fiéis a nossos valores e compromissos políticos, e de acordo com nossos aliados, decidimos privilegiar a coerência antes que a precipitação", indicou a Frente Nacional em um comunicado. Essa derrota mostra a falta de coesão e de interesses comuns entre os partidos considerados populistas e eurófobos, uma ampla denominação que esconde diferenças irreconciliáveis. No caso do projeto de Le Pen, as objeções procedem de seu principal sócio na tentativa de coalizão, o holandês Geert Wilders. O líder do Partido da Liberdade vetou um aliado que a francesa estava há dias sondando: um grupo polonês misógino, KNP, que duvida da responsabilidade de Adolf Hitler no Holocausto. Tampouco ajudou a Le Pen os últimos comentários antissemitas de seu pai. "O Partido da Liberdade quer formar um grupo parlamentar, mas não a qualquer preço", argumentou Wilders à agência Reuters.

A principal dificuldade destes grupos reside na escassa coincidência entre os coletivos que insultam. O holandês Wilders pode se pronunciar contra os muçulmanos, mas não aceita comentários antissemitas porque seu eleitorado não o respaldaria. "Estes partidos estão muito fragmentados. Não têm um programa comum e o antieuropeísmo que os une não é suficiente. O que é aceitável em um país não é no outro. Mesmo se Le Pen tivesse conseguido um grupo próprio, teríamos que ver até que ponto teria sido influente", analisa Marco Incerti, do think tank europeu Centre for European Policy Studies.

O britânico Nigel Farage supera a dirigente francesa e forma uma frente populista

O prazo para constituir grupo parlamentar venceu na noite de terça-feira. Embora Le Pen tenha assegurado que continuará tentando, a divisão de cargos, turnos de intervenção e trabalho nas comissões será realizada agora. Para criar um grupo, é preciso 25 eurodeputados de sete Estados. Farange se adiantou há uma semana e congregou vozes populistas para criar seu grupo Europa das Liberdades e da Democracia. Com 26,8% dos votos no Reino Unido, o líder do UKIP acolhe formações muito diferentes, como o Movimento 5 Estrelas do italiano Beppe Grillo, os ultradireitistas suecos e uma dissidente da Frente Nacional de Le Pen. Essa mistura o coloca à beira da dissolução se houver uma mínima discrepância.

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