_
_
_
_
_

Nove presos em Madri por recrutar jihadistas para enviá-los a Síria e Iraque

A rede recrutava voluntários para que se integrassem ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante

Imagens da prisão, em Madri.Foto: atlas

Nove pessoas foram presas nesta segunda-feira em Madri por agentes da Delegacia Geral de Informação em uma operação que desmantelou uma rede internacional de recrutamento e envio de jihadistas para sua integração à organização terrorista Estado Islâmico do Iraque e Levante (EIIL), ligada à Al Qaeda e sediada em territórios da Síria e do Iraque. A rede costumava treinar em uma propriedade rural perto de Ávila, onde organizavam acampamentos para habituarem-se com o modo de vida que iam encontrar ao chegar às regiões de combate, segundo fontes policiais.

Mais informações
A volta sem controle de jihadistas da Síria põe a polícia espanhola em guarda
Obama estuda ataques aéreos para frear os jihadistas
Os jihadistas do Iraque reivindicam o assassinato de 1.700 soldados iraquianos

O líder da rede é o marroquino Lahcen Ikasrrien, detido no Afeganistão em 2001 e liberado anos depois, após sua passagem por Guantánamo, a prisão norte-americana em solo cubano. Ikasrrien, de 47 anos, casado e com uma filha, foi acusado pelos EUA de terrorismo e confinado ao Camp V da base dos EUA, mas foi absolvido por falta de provas na Espanha. Ikasrrien, que mora na capital perto do bairro de Concepción, pertencia à célula de Abu Dah Dah, detido e condenado por ser um dos fundadores da Al Qaeda na Espanha.

A polícia deteve Ikasrrien esta manhã em sua casa na rua del Buen Gobernador, no bairro de Concepción, e o transferiu posteriormente para um armazém que tinha alugado há vários meses a cerca de 600 metros de sua casa, na rua do Lago Constanza. Tanto na casa como no depósito foram arrolados seus pertences. Os agentes confiscaram vários arquivos de computador. Segundo fontes da investigação, o preso se dispôs a colaborar, informa José Precedo.

Entre os presos há uma pessoa de nacionalidade argentina convertida ao islamismo, vários marroquinos e espanhóis, assim como um búlgaro, que foi preso pouco depois do meio-dia. A polícia não conseguiu prender o irmão de Mohamed Al Falah, um dos supostos autores do atentado de 11 de março de 2004, que fugiu em seguida e se suicidou no Iraque. O irmão de Al Falah morava em Madri, mas há 10 dias foi ao Marrocos para, dali, seguir para a Síria.

Há 10 dias, a rede desmantelada enviou à zona de conflito dois combatentes (um deles é Al Falah), passando pela Turquia. Agora estavam preparando o envio de outros jihadistas, entre os quais poderia estar o búlgaro que, por enquanto, foi o último preso na ação.

Durante a operação, o Grupo Especial de Operações foi mobilizado para prender um suposto jihadista e entrou por engano em uma casa na rua das Brujas, em vez de fazê-lo em outra da rua da Laponia, no bairro madrilenho de Moratalaz. Durante a madrugada, os agentes derrubaram a porta da casa de uma família completamente alheia aos fatos, cujos membros foram rendidos e presos com algemas de plástico, informa Javier Barroso. Quando o erro se comprovou, a polícia se comprometeu a reparar os danos à casa.

Pelo menos 50 milicianos espanhóis estão combatendo na Síria contra as forças de El Assad. Nos últimos três anos, 48 supostos islâmicos foram detidos na Espanha: 36 pela Delegacia Geral de Informação e 12 pelo Serviço de Informação da Guarda Civil. Todos os presos são homens, com idades entre 17 e 40 anos, muitos deles trabalhadores desempregados ou subempregados.

É a quarta operação do gênero nos dois últimos anos contra redes de recrutamento de jihadistas na Espanha. As anteriores foram realizadas em Melilla e em Ceuta. Fontes policiais garantem que se trata de uma medida preventiva, que faz parte do aumento da segurança devido à proclamação de Felipe VI, na próxima quinta-feira.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_