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Os estrangeiros deixarão 6,7 bilhões de reais no país durante a Copa

O Governo estima que 600.000 turistas virão do exterior para movimentar o setor turístico A venda de ingressos indica maioria norte-americana

Turistas observam o pôr do sol no Arpoador, no Rio.
Turistas observam o pôr do sol no Arpoador, no Rio.Hassan Ammar (AP)

Se na maré de protestos pré-Copa há um colete salva-vidas para justificar o evento no Brasil, é o benefício que os 600.000 turistas previstos irão deixar. Mais ou menos o mesmo número de visitantes durante os Jogos Olímpicos de Londres em 2012, 680.000. O Governo brasileiro calcula que deixarão 6,7 bilhões de reais no país, considerando que eles terão um gasto médio de 5.500 reais durante a estada. O setor hoteleiro está razoavelmente satisfeito: é o que esperavam, nem mais, nem menos.

Já o site de viagens TripAdvisor divulgou há uma semana uma pesquisa sobre quanto o turista (estrangeiro ou não) deixará durante esta temporada no Brasil. O Rio de Janeiro é o destino onde o visitante gastará mais, aproximadamente 1.520 reais. Caso fique 12 dias, apenas para ver os jogos da primeira fase, este valor alcançaria 18.240 reais, 12.740 reais a mais do calculado pelo Governo. O destino mais barato, Recife, também supera em 500 reais as previsões.

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São 600.000 visitantes, ou seja, 600.000 histórias. O italiano Mario Rossi, de 34 anos, vive em Londres e está animado. “Compramos o pacote com entradas para todos os jogos da Itália, que custou 6.100 reais. Com o voos e hospedagem para os 10 primeiros dias, gastamos 11.200 por pessoa”, explica, alegando que o valor poderia ter sido maior se não tivessem optado por hostels e bed & breakfasts, mais econômicos. Com mais quatro amigos, visitarão Brasília, Manaus, São Luís, Recife e Natal, durante 10 dias. Para os outros 10, ainda não sabe. “Não temos nada planejado”, conta rindo, com a esperança de que o seu time chegue à segunda fase. "Assim iríamos ao Rio de Janeiro", explica.

A azurra tem uma grande torcida. Mas a Argentina, rival futebolístico eterno da seleção canarinha, tem mais torcedores, e virão ao Brasil para assistir os jogos no bar. Segundo a presidenta Dilma Rousseff, 200.000 argentinos chegarão ao país, mas apenas 53.809 hermanos têm ingressos, de acordo com a FIFA. Os norte-americanos superarão em número as outras torcidas de fora (125.465), depois os colombianos (60.231) e alemães (55.666). Os brasileiros, porém, colorirão a maioria das arquibancadas de verde e amarelo, com 57% do total de ingressos de um público de 2,3 milhões de torcedores.

A torcida argentina será a quarta mais numerosa, atrás dos norte-americanos (125.465), colombianos (60.231) e alemães (55.666)

Para os sem-ingresso, não há problemas, desde qualquer televisão poderão ver os jogos. Já para os sem-quarto, será complicado. Os dados de ocupação dos hotéis, recolhidos pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), indicam que a média das 12 cidades sedes durante a Copa é de 76,5%, com Fortaleza encabeçando a lista. A capital do Ceará, com 95% de ocupação hoteleira, não é o melhor lugar para viajantes de última hora. No Rio de Janeiro, onde a rede hoteleira conta com 31.000 quartos, também será complicado encontrar hospedagem entre esse 10% de quartos que ainda estão livres. São Paulo, Belo Horizonte e Curitiba já têm 60% das vagas preenchidas.

O comparador de preços de hotéis Trivago elaborou um informe que dá pistas de que o faturamento do setor será alto. O dia 13 de junho, um dia depois do início do evento, é a data mais cara para conseguir um hotel no Brasil. O mais alto deles é em Cuiabá, onde o preço médio de uma diária alcança 1.578 reais, supostamente pela baixa oferta. No mesmo informe, Trivago afirma que os preços caíram, já que uma diária para o final da Copa, no dia 13 de julho, que custava 1.441 reais em média, reservando hoje sairia por 846 reais no Rio de Janeiro, uma redução de 42%. Durante a fase de grupos o turista que for às quatro partidas em Curitiba e Porto Alegre pagará uma média de 463 reais por dia de estadia, o menor preço entre as 12 capitais.

No Rio de Janeiro será complicado encontrar hospedagem: somente 10% dos 31.000 quartos ainda estão livres

Os hotéis, para o colombiano Jose Emilio Santos, de 30 anos, foi o que mais pesou no orçamento. “Estou contando as horas para chegar a São Paulo no dia 12 de junho”, diz Santos, que virá acompanhado de cinco amigos. Começaram a planejar a viagem há um ano e três meses. Santos calcula que “entre a passagem de avião, as entradas para os jogos e os hotéis de três estrelas em São Paulo, Belo Horizonte, Brasília e Cuiabá já foram 10.300 reais” por pessoa, e pretendem trazer cada um 1.800 reais para gastar durante os 12 dias.

Para escapar de todos esses gastos com deslocamentos e alimentação, o chileno Alan Moya Dupre com mais cinco amigos decidiram ficar somente no Rio. Alugaram através do site Airbnb um apartamento em Copacabana, onde ficarão 10 dias por 4.000 reais, que será como a sede da ONU, já que cada um é de uma nacionalidade: "Somos um chileno, um mexicano, um libanês, um iraniano, um hondurenho e um panamenho", explica García. Santos, Rossi e Dupre afirmaram que confiam no entusiasmo dos brasileiros para acalmar os ânimos das manifestações já anunciadas. Já sobre o dispêndio, estão em pânico. "Vou ao Brasil pensando que vou pagar muito mais do que pagaria em outra época. Mas tanto faz. Já sei que uma Copa é uma vez na vida, não vou economizar", garante Rossi.

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