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A Inglaterra ainda quer receber a próxima Copa

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, faz pressão pela anulação de Catar 2022 por suborno e também de Rússia 2018

Blatter, no centro, com Mohamed Bin Hammam, à direita, e o sheik Khalifa bin Ahmed Al-Thani, presidente da federação do Catar, em 2008.
Blatter, no centro, com Mohamed Bin Hammam, à direita, e o sheik Khalifa bin Ahmed Al-Thani, presidente da federação do Catar, em 2008.FADI AL-ASSAAD (REUTERS)

A Inglaterra ainda pretende organizar a Copa do Mundo de 2018, ainda que seja pela porta dos fundos. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, insinuou essa possibilidade durante um discurso público, na segunda-feira. E um ex-ministro de Esportes britânico pediu para que a FIFA anule o torneio de 2018 na Rússia caso cancele a Copa de 2022 no Catar por causa de denúncias de corrupção, já que ambos os países-sede foram decididos no mesmo dia pelas mesmas pessoas. Dentro de uma semana, a FIFA receberá o relatório sobre a contemplação dessas duas Copas, mas deve levar ainda várias semanas para tomar uma decisão.

A investigação, liderada por um dos dois presidentes da Comissão de Ética da entidade, o norte-americano Michael J. García, e por um de seus dois vice-presidentes, o suíço Cornel Borbely, começou há meses para esclarecer as acusações de suborno para a escolha dessas duas sedes em dezembro de 2010. Um comunicado dessa comissão confirmou, na segunda-feira, que o relatório será entregue em 9 de junho e, dentro de seis semanas, será enviado para a Câmara de Adjudicação.

As acusações se renovaram durante o último fim de semana, quando o diário londrino The Sunday Times publicou uma extensa reportagem na qual afirma ter encontrado provas de que o Catar gastou cerca de 4 milhões de euros em subornos diretos ou indiretos a dirigentes do futebol mundial para conseguir os votos que permitiram ao país derrotar a Austrália na disputa pela Copa de 2022.

Os três grandes partidos britânicos se unem contra a escolha da Rússia

Nesse mesmo dia, a Rússia derrotou a candidatura da Inglaterra pela Copa de 2018, uma derrota que os ingleses não esperavam e nunca digeriram. Desde então mantêm uma guerra aberta contra a FIFA, contra o Catar e principalmente contra Sepp Blatter, presidente da FIFA.

Apesar de nunca terem acusado diretamente a Rússia de ganhar a corrida de forma ilícita, os britânicos agora desejam que o aparente fiasco do Catar reabra também a concessão da Copa de 2018. O conservador Cameron não o disse dessa forma na segunda-feira, mas seus comentários o sugerem: "Veremos o que acontecerá com a investigação sobre a Copa do Mundo e quem sabe que oportunidades nos reserva o futuro", disse. A imprensa britânica interpretou tais afirmações nesse sentido.

Horas antes, o vice-primeiro-ministro da coalizão que governa o Reino Unido, o liberal-democrata Nick Clegg, declarou que a FIFA deveria retirar do Catar a organização da Copa de 2022 se ficar provado que foi obtida com subornos.

Quem sabe que oportunidades o futuro nos reserva”, diz o primeiro-ministro

E o ex-ministro britânico de Esportes, o trabalhista Gerry Sutcliffe, declarou à BBC que se a decisão sobre o Catar for anulada, também deveria ser anulada a relativa à Rússia, completando assim uma inabitual frente comum dos três grandes partidos políticos britânicos.

Sutcliffe enfatizou que a Inglaterra já está preparada para organizar a Copa porque os estádios estão construídos. A Inglaterra necessita que se anule a decisão sobre a Rússia porque é sabido que Copa do Mundo de 2022 não poderá ser disputada na Europa e parece muito provável que essa Copa poderia ser jogada na Austrália, derrotada pelo emirado árabe na decisão de dezembro de 2010. Tirar a Copa do Catar livraria a FIFA do problema de definir em qual época do ano deveria ser disputado o torneio, dado o calor insuportável que faz nessa região durante o verão. O próprio Blatter reconheceu que a escolha do país do Golfo Pérsico como sede de 2022 foi "um erro" por causa das altíssimas temperaturas que os times deveriam enfrentar se os jogos acontecerem no horário de verão. Ou pelos graves problemas que criaria para as grandes Ligas europeias se a Copa fosse disputada no inverno. A cada dia surgem novas vozes contra o Catar.

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