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Os EUA criticam as ações “desestabilizadoras” da China

O secretário da Defesa acusa Pequim de “intimidação” em suas disputas territoriais e avisa que não permanecerá impassível

Chuck Hagel com o ministro japonês de defesa, neste sábado.
Chuck Hagel com o ministro japonês de defesa, neste sábado.AP

Em seu tom mais duro sobre as disputas territoriais na Ásia, o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Chuck Hagel, criticou neste sábado as ações “desestabilizadoras” e “unilaterais” do Governo de Pequim no mar do Sul da China nos últimos meses e o acusou implicitamente de “coerção”. As palavras do chefe do Pentágono em seu discurso na cúpula Shangri-La em Cingapura, que reúne os encarregados da Defesa e da Segurança na Ásia, foram rapidamente respondidas no mesmo encontro pela delegação chinesa, que as tachou de “cheias de hegemonismo, ameaça e intimidação”.

O contexto não é um acaso. As críticas vertidas por Hagen chegam no dia seguinte a que o Governo japonês prometera na mesma cúpula um papel mais ativo na proteção da paz na região, e na mesma semana em que Pequim elevou o tom nas disputas territoriais que mantém com seus vizinhos no mar do Sul da China e com o Japão no mar do Leste da China.

Nos últimos dias aviões de combate chineses voaram perto de aviões da inteligência japonesa em um espaço aéreo disputado por ambos os países e Vietnã e China trocaram amargas recriminações depois que um barco pesqueiro vietnamita afundou ao se chocar com outro, chinês, nas proximidades de uma área que ambos reivindicam; e as Filipinas criticaram a construção de uma pista de aterrissagem chinesa em uma ilha em disputa. Além disso, o choque dialético deste sábado entre Washington e Pequim ocorre dez dias depois de o Departamento de Justiça dos EUA acusar cinco militares chineses de ciberespionagem industrial.

Em seu discurso Hagel insistiu na estratégia dos EUA de reequilibrar o eixo de sua diplomacia em direção à Ásia e em seu compromisso de defesa dos aliados na região, especialmente o Japão, como garantiu o presidente norte-americano, Barack Obama, em visita a Tóquio no final de abril, em uma viagem que o levou também à Coreia do Sul, Malásia e Filipinas e na qual emergiram continuamente nos encontros as ambições territoriais de Pequim.

O secretario de Defesa enfatizou que Washington “não olhará para o outro lado quando os princípios fundamentais da ordem internacional forem desafiados”, segundo informou a Reuters. E embora tenha dito que os EUA não tomavam partido sobre quem tem razão nas reivindicações marítimas, lançou uma advertência implícita à China: “Nós nos oporemos firmemente ao uso, por parte de qualquer nação, da intimidação, coerção ou ameaça da força para reafirmar essas reivindicações”.

Depois de seu beligerante pronunciamento, Hagel manteve uma breve reunião, de 20 minutos, com o chefe adjunto do Estado-Maior do Exército chinês, o general Wang Guanzhong. Recorrendo ao sarcasmo, Wang repreendeu abertamente suas palavras no início do encontro, aberto aos meios de comunicação. “Embora acredite que as suas críticas não tenham fundamento, aprecio a sua honestidade do mesmo modo que nós também compartilhamos nossa honestidade”, afirmou. Apesar das críticas iniciais, a delegação norte-americana enfatizou que o restante da reunião se desenrolou em um tom amigável e produtivo.

O presidente chinês, Xi Jinping, disse na sexta-feira em Pequim que seu país somente empreenderá ações agressivas no mar do Sul da China se for “provocado” por alguma das nações com as quais mantém disputas.

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