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Doze mortos e oito mil afetados pelo maior incêndio de Valparaíso

Duas mil casas foram consumidas pelo fogo ocorrido na cidade portuária chilena O ressurgimento das chamas força uma nova evacuação

Rocío Montes
Casal se abraça na janela da casa onde morava.
Casal se abraça na janela da casa onde morava.Felipe Trueba (EFE)

Doze mortos, dois mil casas destruídas e oito mil vítimas. Esse é o saldo do pior incêndio já ocorrido na cidade chilena de Valparaíso, distante 120 quilômetros de Santiago, de acordo com o último balanço divulgado pelo ministro do Interior, Rodrigo Peñailillo. “Esperamos que nas próximas 48 ou 72 horas os efetivos possam controlar as chamas”, afirmou o secretário de Estado, depois de participar de uma reunião do comitê de emergência.

Peñailillo informou que existem quatro focos ativos do incêndio, provocados sobretudo pelo efeito do vento, o que obrigou à evacuação de novas regiões. As chamas estão concentradas no bairro Las Torres e nos montes Rocuant, Mariposa, Yungay e Jiménez. Até o momento, 1.200 pessoas estão albergadas em algum dos 28 centros habilitados, disse o chefe de gabinete, mas a cifra de prejudicados ainda não é definitiva. Assim como o número de vítimas fatais: o ministro ressaltou que a quantidade pode aumentar com o passar das horas.

A cidade se encontra em estado de emergência: cerca de 850 hectares ficaram queimados. Centenas de pessoas começaram a voltar para suas casas para recuperar seus pertences, conforme as chamas foram sendo controladas. O fato fez com que o prefeito de Valparaíso, Jorge Castro, fizesse um apelo: “A população não deve ir aos locais onde o incêndio foi apagado”.

Apesar de o fogo não ter sido extinguido, o ministro do Interior ressaltou que “há uma situação menos complicada que a de ontem [sábado] à noite”. De qualquer forma, foram tomadas medidas extraordinárias: as aulas foram suspensas e a presidenta Michelle Bachelet, que nesta semana realizaria sua primeira viagem internacional, para a Argentina, decidiu suspender a visita a Buenos Aires. Nesta segunda-feira, ela encabeçará um comitê de ministros para analisar os prejuízos causados pela tragédia.

Nesta segunda, as aeronaves usadas para combater o incêndio continuarão trabalhando e, durante a noite deste domingo, 900 homens estão destacados para controlar a ordem pública, já que a maior parte da cidade está sem energia elétrica.

Início do incêndio

O fogo começou às 16h30 deste sábado (horário do Chile) no caminho para La Pólvora, uma das estradas de acesso a Valparaíso, que em 2003 foi declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. As más condições climáticas e os fortes ventos levaram o incêndio florestal a se estender para as regiões habitadas da cidade. Doze horas depois do início, o fogo já atingia 270 hectares e afetava as zonas povoadas dos bairros de La Cruz, El Vergel, San Roque, Las Cañas e Mariposas.

Valparaíso é uma das cidades com maior número de habitantes do Chile e está formada por cerca de 40 morros na orla do oceano Pacífico. As ruas são estreitas e íngremes, o que dificultou o acesso dos bombeiros. Além disso, grande parte das construções são antigas. A maior cidade portuária do país, onde também funciona o Congresso Nacional, se transformou nos últimos anos em um polo de atração turística. Milhares de estrangeiros visitam o local, que é patrimônio cultural da cidade, onde o poeta Pablo Neruda tinha uma de suas peculiares casas, La Sebastiana.

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