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Hidalgo se torna a primeira prefeita de Paris

A candidata socialista, de origem espanhola, consegue a vitória com o apoio dos Verdes, segundo as projeções

Anne Hidalgo vota nas autárquicas francesas neste domingo.
Anne Hidalgo vota nas autárquicas francesas neste domingo.P. W. (REUTERS)

A socialista Anne Hidalgo, com dupla nacionalidade francesa e espanhola, ganhava na noite deste domingo com folga, pelas sondagens de boca de urna, a batalha entre mulheres pela prefeitura de Paris e salvava assim do desespero os socialistas na capital francesa. Mulher da linha de frente do prefeito que deixará o cargo, Bertrand Delanoë, candidata a sua sucessão, passou de “clara favorita” no início da campanha a “matematicamente favorita”. No primeiro turno, a conservadora Nathalie Kosciusko-Morizet acabou ligeiramente na frente e predizia uma batalha mais apertada que a inicialmente prevista. A nova prefeita de Paris, a primeira mulher à frente da capital francesa, será eleita oficialmente no próximo sábado 5 de abril pelos conselheiros de Paris.

Hidalgo se impunha com 54,5% dos votos ante sua rival conservadora, a ex-ministra e ex-porta-voz de Nicolas Sarkozy, Nathalie Kosciusko-Morizet, segundo a estimativa de boca de urna do instituto de pesquisas IFOP-SAS. A socialista contava com o respaldo dos Verdes, a terceira força mais votada no primeiro turno, um grupo com o qual pactuou no início da semana. Os especialistas sustentam que conseguiu atrair o eleitorado da esquerda radical. Também pode ter sido beneficiada por uma participação maior de eleitores, o contrário do que ocorreu no resto do país, que se situou em 58,41%, dois pontos mais que nos eleições autárquicas de 2008.

A batalha pela capital francesa foi bem mais disputada que o previsto

No centro da batalha pela capital se encontravam alguns centros urbanos chave. Em Paris, os eleitores votam por distritos —20 ao todo—, cada um com um número de vereadores, determinado pelos habitantes, e um prefeito de bairro. À margem dos grandes bastiões da direita ao oeste da cidade e os da esquerda ao leste e ao norte, todos os olhares estavam postos no distrito XIV, ao sul, no qual se apresentava a própria Kosciusko-Morizet que ficou no primeiro turno a mais de quatro pontos de sua rival. A mesma estimativa a situava muito trás da socialista Carine Petit, cabeça de lista apoiada por Hidalgo neste núcleo urbano.

A primeira visita prevista na agenda de Hidalgo acontece nesta terça-feira, quando ela deve ir à inauguração da exposição Paris 1900 no Grand Palais de Paris, acompanhando seu mentor. Sua nomeação oficial, se os resultados definitivos a confirmarem, será no sábado pela manhã após o voto dos conselheiros eleitos nas eleições deste domingo.

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Hidalgo, de 54 anos, nascida em San Fernando, na província de Cádiz, descendente de exilados republicados pela Guerra Civil, foi a tenente do prefeito Delanoë durante seus 13 anos à frente da prefeitura. Primeiro esteve encarregada da igualdade entre homens e mulheres e depois de urbanismo e arquitetura. Porta-voz de Martine Aubry, reeleita neste domingo prefeita de Lille e com  quem trabalhou durante as primárias socialistas que ganhou François Hollande, anunciou sua intenção de se candidatar à prefeitura há um ano e médio. “Não cheguei aqui para ser prefeita, mas a ilusão se completa agora…”, relatou a este diário em uma entrevista durante a campanha.

A abstenção do eleitorado, designadamente pela potencial decepção com o presidente François Hollande, era a principal preocupação da socialista, que pôs uma ênfase particular no apelo a ir às urnas. Os maus dados do emprego publicados durante a semana, o novo pico de contaminação alcançado na quinta-feira e a pouca qualidade do debate celebrado entre os dois turnos pelas duas candidatas não eram um bom presságio.

Paris, antigo bastião da direita que serviu de base em nos assaltos ao Palácio do Elíseo do ex-presidente conservador Jacques Chirac, se vangloriava desde a chegada de Delanoë de uma boa implantação da aliança esquerda-ecologista. Nas presidenciais, o socialista François Hollande conseguiu 55,6% dos votos na capital, quatro pontos acima de sua média nacional. Embora os socialistas consigam manter a capital, simbolicamente chave e quase uma obrigação para evitar a derrota, a votação autárquica, mais disputada que o previsto, demonstra que não foi imune ao voto sanção.

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