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O Rei da Espanha sobre Suárez: “A dor é grande. Minha gratidão, permanente”

Juan Carlos destaca a "generosidade e o patriotismo" do homem que junto a ele, impulsionou "um dos capítulos mais brilhantes da história de Espanha: a Transição"

Vídeo: EL PAÍS-LIVE!
Natalia Junquera

A última vez que se viram, em julho de 2008, quando o Rei, acompanhado da Rainha, foi entregar pessoalmente o Tosão de Ouro, a máxima condecoração da Coroa, Adolfo Suárez não reconheceu o Monarca."Você também vem pedir dinheiro?" , perguntou ao homem que também não lembrava já ter sido presidente do Governo. Hoje, dom Juan Carlos quis lembrar com uma mensagem de vídeo a seu "amigo leal" , "colaborador excepcional" na instauração da democracia na Espanha.

Eis o texto integral do Rei:

"O falecimento de Adolfo Suárez me enche de consternação e de pena. Tive nele um amigo leal e, como Rei, um colaborador excepcional que, em todo momento, teve como script e pauta de comportamento sua lealdade à Coroa e todo o que ela representa: a defesa da democracia, do Estado de Direito, da unidade e a diversidade da Espanha.Minha gratidão para o Duque de Suárez é, por tudo isso, funda e permanente, e minha dor hoje, é grande.

Mas a dor não é obstáculo para lembrar e valorizar um dos capítulos mais brilhantes da História da Espanha: a Transição que, protagonizada pelo povo espanhol, impulsionamos Adolfo e eu junto de um excepcional grupo de pessoas de diferentes ideologias, unidos por uma grande generosidade e um alto sentido do patriotismo. Um capítulo que deu passo ao período de maior progresso econômico, social e político de nosso país. Adolfo Suárez foi um homem de Estado, um homem que pôs por diante dos interesses pessoais e de partido, o interesse conjunto da Nação espanhola.

Viu, com clarividência e grande generosidade, que o bem-estar e o melhor porvir de todos passava pelo consenso, sabendo ceder no acessório, se isso era necessário, para poder conseguir os grandes acordos no fundamental.

A superação da fratura política e social que viveu a sociedade espanhola no século XX foi seu objetivo prioritário, como o foi também o meu. 

Nesse esforço, Adolfo Suárez deu o melhor de si mesmo. Também trabalhou sem descanso para conseguir a melhor articulação da diversidade da Espanha, e a recuperação da legítima posição de nosso país no palco internacional.

O exemplo que nos deixa é amostra de que juntos, os espanhóis, somos capazes de superar as maiores dificuldades e de alcançar, com unidade e solidariedade, o melhor futuro coletivo para todos.

Termino esta emocionada lembrança a Adolfo Suárez enviando, nestes tristes momentos, todo meu carinho a seus filhos e a toda sua família".

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