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Malásia afirma que avião desaparecido pode ter sido sequestrado

Uma frota internacional composta por 40 barcos e 34 aeronaves prossegue os trabalhos de busca da aeronave com 239 pessoas

Azharuddin Abdul Rahman, diretor da Aviación Civil de Malasia.Foto: reuters_live

O desaparecimento na madrugada do sábado de um avião da companhia Malaysia Airlines, com 227 passageiros e 12 tripulantes a bordo, pouco menos de uma hora após decolar de Kuala Lumpur com destino a Pequim é “um mistério sem precedentes na aviação”. Assim o assegurou nesta segunda-feira Azharuddin Abdul Rahman, diretor da Autoridade de Aviação Civil da Malásia, enquanto uma frota internacional composta por 40 barcos e 34 aeronaves prossegue os trabalhos de busca sem ter encontrado até agora rastros confirmados do aparelho.

O servidor público malaio assegurou que não pode ser descartado que tenha havido um sequestro, e que os investigadores estão explorando todas as possíveis teorias para explicar o desaparecimento do voo MH370. “Desgraçadamente, não encontramos nada que pareçam objetos do avião, e muito menos o avião”, afirmou em uma coletiva de imprensa em Kuala Lumpur, informa Reuters. “Temos que encontrar o avião, temos que encontrar uma peça do avião que seja”.

As declarações aconteceram após barcos vietnamitas tentarem, sem sucesso, durante a noite localizar um objeto retangular que foi visto no domingo pela tarde desde o ar, e que pensou que podia ser uma porta do Boeing 777-200. Os responsáveis pela equipe de resgate vietnamita afirmam que quatro aviões e sete barcos estão buscando o objeto, mas que não encontraram nada.

Entre as possíveis causas da tragédia, figuram uma explosão por uma descompressão repentina, uma bomba, uma falha catastrófica dos motores, uma turbulência extrema, um erro do piloto e inclusive um suicídio. Para saber o que ocorreu, fará falta analisar os dados das caixas pretas e um exame detalhado dos restos, o que poderia demorar meses.

A localização de pedaços do aparelho pode ser um trabalho difícil, apesar da grande dedicação das equipes de busca. Dependendo de como se tenha caído o avião, os restos podem ficar espalhados em uma grande superfície ou praticamente não ter restos. Segundo diferentes informações, as imagens dos espiões satélites norte-americanos que vigiam a zona não encontraram indícios de uma explosão no meio do ar.

Ante o tempo decorrido desde que se perdeu o contato com o avião, os responsáveis por Malaysia Airlines disseram às famílias dos passageiros que devem “se preparar “ para o pior”.

O avião perdeu o contato com os centros de controle aéreo em algum ponto entre a Malásia e o Vietnã. Aparentemente caiu ao mar quando voava a altitude de cruzeiro –mais de 10.000 metros-, com bom tempo, sem que os pilotos tivessem tempo ou tenha sido possível enviar um sinal de alarme; uma circunstância que acrescentou mistério sobre o que ocorreu no interior do aparelho nos últimos minutos.

O general Rodzali Daud, chefe da força aérea da Malásia, assegurou no domingo que os registros de radar militares mostram que o avião pôde dar a volta em relação à rota prevista, algo que a tripulação deveria ter informado aos controladores aéreos, e não o fez. Mas disse que não há detalhes sobre a direção tomada e por quanta distância voou.

Isto obrigou a expandir a zona de busca à costa ocidental da Malásia, ao outro lado do país com respeito a onde se supõe que desapareceu, e acrescentou um novo fator de suspeita sobre a possibilidade de que se produzisse um sequestro ou um atentado terrorista. Especialmente porque ao menos dois dos passageiros voavam com identidades falsas, italiana e austríaca. As autoridades estão pesquisando quatro possíveis casos de identidade suspeita.

A Interpol confirmou no domingo que estava a par da existência de dois passaportes roubados, mas disse que ninguém aparecia em seus bancos de dados para verificar os dois documentos antes de sair o avião. As autoridades da Malásia afirmaram -após revisadas as gravações das câmeras de vigilância do aeroporto- que as duas pessoas que viajavam com identidade falsa tinham aparência asiática. Seus bilhetes foram emitidos na quinta-feira passada por uma agência de viagens em Pattaya, um destino turístico muito popular na Tailândia com grande presença de estrangeiros. Os dois passageiros tinham passagens para continuar a viagem no sábado para a Europa, por isso não precisavam do visto chinês.

Alguns especialistas, no entanto, advertiram que o emprego de passaportes roubados é frequente em voos internacionais, entre outros, por imigrantes, pelo que, segundo dizem, sua existência no voo MH370 não há que ser relacionada imediatamente com o desaparecimento do avião.

Fontes da investigação na Malásia asseguraram à agência Reuters que a demora em encontrar restos do aparelho pode indicar que ele tenha se desintegrado em pleno ar, quando estava a grande altitude. Mas acrescentaram que, por enquanto, não há provas de que tenha se tratado de um ato terrorista. No entanto, reconheceram que os casos mais parecidos são a explosão registrada em um avião de Air India em 1985 quando se encontrava sobre o oceano Atlântico e a catástrofe de Lockerbie, em 1988. Ambos aparelhos voavam a cerca de 10.000 metros quando estouraram bombas em seu interior.

Dos 227 passageiros, de 14 nacionalidades, que iam no avião, 153 são da China, 38 da Malásia e sete da Indonésia. Também tinha vários europeus e norte-americanos. Os 12 membros da tripulação eram malaios.

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