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Apesar do mau tempo, os EUA criam 175.000 empregos em fevereiro

O desemprego cresce um décimo, chegando a 6,7%, mas não se espera que o banco central norte-americano altere a sua estratégia

Em Miami, duas mulheres se protegem da chuva numa loja da Staples, rede que acaba de anunciar o fechamento de 12% dos seus estabelecimentos.
Em Miami, duas mulheres se protegem da chuva numa loja da Staples, rede que acaba de anunciar o fechamento de 12% dos seus estabelecimentos.JOE RAEDLE (AFP)

O severo inverno que os Estados Unidos enfrentam está esfriando os dados desde dezembro, e isso complica a análise do desempenho econômico, cinco anos depois de Wall Street ter chegado ao fundo do poço. A geração de emprego, no entanto, se recuperou em fevereiro. Foram registrados no mês passado 175.000 novos ocupados, acima dos 129.000 de janeiro. A taxa de desemprego, entretanto, subiu um décimo de ponto percentual, passando a 6,7%. Não se espera que o Federal Reserve (banco central dos EUA) altere a sua estratégia de retirada de estímulos.

A primavera se aproxima, mas ainda serão necessários alguns meses até que surjam dados mais claros indicando para onde vai a economia. O consenso em Wall Street antecipava a criação de 149.000 empregos em fevereiro, e que o desemprego cairia para 6,5%. Mas havia opiniões para todos os gostos. Os indicadores dos dois meses anteriores foram revisados para cima e apontaram 25.000 empregados a mais do que o previamente anunciado. O dado de dezembro fica agora em 84.000 vagas preenchidas.

Embora o indicador de fevereiro seja melhor do que se previa, a geração de emprego é ligeiramente inferior às 190.000 vagas por mês registradas na média do último ano. Mas, se o mau tempo acabar sendo apontado como um fator determinante em regiões como as de Nova York e Chicago, a esperança dos analistas é de que nos próximos meses esse nível possa ser recuperado sem problemas.

O Livro Bege do Federal Reserve, que dá detalhes sobre o andamento da economia nas 12 regiões do sistema do banco central, certificou na quarta-feira que a expansão continua. Mas, como assinalou na semana passada ao Senado a presidenta do Fed, Janet Yellen, é difícil discernir neste momento o impacto das nevadas e das baixas temperaturas sobre as últimas estatísticas.

A próxima reunião do Fed ocorrerá dentro de menos de duas semanas. Será a primeira presidida por Yellen, que declarou publicamente sua intenção de manter o plano de retirada de estímulos. Caso fique estabelecido que o mau tempo é a causa principal dos frágeis dados publicados, então será um problema temporário, e o Fed poderia realizar uma nova redução no programa de compra de dívida.

O mau tempo, em princípio, não deveria ser um obstáculo para a contratação por parte das empresas que necessitam de mão-de-obra. Mas é para o consumo, onde se observam, além do mais, mudanças nos hábitos de gasto. A Staples, maior rede de artigos de escritório, anunciou o fechamento de 225 filiais, ou 12% do seu total. Também a RadioShack irá abrir mão de 1.100 lojas, ou 20% da rede.

Os dados no setor do comércio estão sendo ruins, e estes cortes no varejo se seguem aos anunciados por lojas de departamentos como Macy’s e JCPenny, o que se traduzirá em dezenas de milhares de demissões. O dado de emprego de fevereiro mostra a perda de 4.000 empregos. O mau tempo pode ser um fator que explica as quedas nas vendas, junto com a lenta recuperação econômica, mas as dificuldades das lojas podem ser atribuídas também ao crescimento do comércio eletrônico.

Voltando ao indicador, o total de desempregados nos EUA ronda os 10,5 milhões de pessoas, dos quais 3,8 milhões são desempregados de longo prazo. Isso já é 1,6 milhão a menos do que um ano atrás. Desde então, a taxa de desemprego baixou um ponto percentual. O desemprego afeta 21,4% dos jovens economicamente ativos. A taxa de participação em fevereiro foi de 63%, sendo contabilizados 7,2 milhões de empregados que trabalham involuntariamente em tempo parcial. Outros 2,3 milhões estão afastados do mercado de trabalho.

O desemprego, como insistiu Yellen, é um dado crucial, mas não o único que ela acompanha em sua análise. E nem todos são negativos. O índice de atividade industrial se recuperou em fevereiro para 53,2 pontos. Tudo o que está acima de 50 pontos é considerado expansão. A leitura que se fez é que, sem o efeito do mau tempo, o indicador poderia inclusive ter sido melhor, e se espera uma aceleração na primavera. O dado de emprego melhor do que o esperado elevou para 2,8% os juros nos bônus com vencimento em dez anos.

O Fed está comprando dívida pública e hipotecária num valor equivalente a 152,5 bilhões de dólares mensais, depois de dois cortes de 10 bilhões em dezembro e janeiro passados. A análise do banco central é de que o emprego melhora gradualmente, embora não tão rápido quanto se gostaria. Wall Street não descarta uma pausa, mas o mais provável é que haja outro corte nas aquisições.

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