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A casa onde Jorge Amado morou será transformada em museu

A propriedade de mais de dois mil metros quadrados abrigará 20 espaços temáticos no bairro Rio Vermelho, em Salvador

Imagem do projeto do memorial Jorge Amado.
Imagem do projeto do memorial Jorge Amado.

A casa onde o escritor Jorge Amado (1912-2001) escreveu Dona Flor e seus dois maridos, uma de suas célebres novelas, será transformada em museu. O imóvel de fachada branca com pequenos detalhes em azulejos quebrados no número 33 da rua Alagoinhas, no bairro Rio Vermelho, em Salvador, terá 20 espaços temáticos em dois mil metros quadrados de terreno. Sobre eles, a filha Paloma Amado admite: "ainda não sabemos bem. A nova geração, meus sobrinhos e netos, são os que estão à frente. E isso é algo bom porque significa que a casa terá longevidade".

As salas e os quartos serão espaços interativos, que contarão histórias do autor e sua esposa, também escritora, Zélia Gattai. As cinzas do casal estão enterradas sob a sombra de uma mangueira no jardim, que será ‘restaurado’, assim como a casa. “Mais que uma reforma, é uma restauração. Vamos conservar a maior parte do ambiente e manter as paredes, com isso preservamos a história e criamos novas funções para o museu, como a loja e a cafeteria conectada ao jardim”, explica Miguel Correia, arquiteto português da Future Architecture Thinking (FAT), que presenteou a família com o projeto pela amizade que mantém com os filhos do casal.

A previsão é de que o espaço esteja aberto ao publico antes de julho, em um investimento de 6 milhões de reais, sendo que metade do valor será um aporte da própria prefeitura da capital baiana. Caso tudo corra bem, a previsão da inauguração é dia 2 de julho, dia em que a Bahia comemora a independência do Brasil. O arquiteto garante que dá tempo. Os filhos João e Paloma estão envolvidos no memorial desde o ano passado, quando assinaram um acordo com o governo do Estado para que o projeto fosse executado. Mas somente agora parece que vai sair do papel, depois de um contratempo por questões do tombamento da casa.

"Há treze anos estamos tentando que o projeto do memorial saia", conta Paloma. Para ela, a alma da casa onde também viveu sua infância será mantida. "Há muito tempo eu não conseguia entrar nela sem ficar deprimida e no dia da cessão do imóvel à prefeitura cheguei com a cabeça baixa e saí de lá com uma alegria imensa", relata.

A família viveu no imóvel entre 1964 e 2001, que ficou 10 anos fechado até a proposta do museu. Comprada com o dinheiro da venda dos direitos autorais de Gabriela a uma produtora norte-americana no final da década de 50, foi um local de encontro de artistas e intelectuais brasileiros e estrangeiros.

O autor de Capitães de Areia também tem seu acervo na Fundação Casa de Jorge Amado, um edifício azul de grandes portas e janelas de madeira entre as casas coloridas do Pelourinho, no centro histórico de Salvador. Segundo Paloma, o trabalho entre ambos espaços culturais é "conjunto, existe uma unidade entre os dois, para que um seja a casa de habitação e o outro continue sendo o da obra literária". Em Ilhéus, ao sul do estado, além de um tour literário em sua homenagem, também existe uma Casa de Cultura que leva seu nome.

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