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O peso argentino sofre a maior queda em 12 anos

O Governo de Cristina Fernández nega uma desvalorização induzida, mas queima 100 milhões de dólares em reservas para evitar uma depreciação ainda maior

Francisco Peregil

Governo argentino repetiu até se cansar que não aprovará medidas de desvalorização do peso porque, segundo a própria presidenta, Cristina Fernández, essa medida faz mais pobre aos pobres e mais ricos aos especuladores. No entanto, entre a quarta-feira e a quinta-feira registrou-se uma depreciação do peso no mercado oficial como não se via desde 2002.

Na quarta-feira pela manhã podia ser comprado um dólar no mercado oficial por 6,89 pesos. Pela tarde já se precisavam 7,13 pesos para conseguir um dólar. O Banco Central não quis intervir na quarta-feira, deixou que o mercado seguisse sua própria dinâmica. Mas na quinta-feira, a moeda nacional perdeu até um 12% de seu valor em relação ao dia anterior, cruzando a barreira dos oito pesos e o Banco Central teve que vender cerca de 100 milhões de dólares procedentes de suas reservas para evitar que a depreciação continuasse. O problema é que as reservas do Banco Central há várias semanas caíram, pasando a barreira dos 30 bilhões de dólares e se encontram atulamente em seu nível mais baixo dos últimos sete anos.

O chefe de Gabinete do Governo argentino, Jorge Capitanich, insistiu que tudo se deve a movimentos do mercado e tirou toda a responsabilidade do Executivo. “Não foi uma desvalorização induzida pelo Estado, senão a livre oferta de demanda a que se expressou ontem no mercado”, indicou. Enquanto, o dólar negro, ou blue, como se conhece na Argentina a divisa no mercado paralelo, na quarta-feira superou pela primeira vez o valor de 12 pesos por dólar e na quinta-feira chegou aos 13.

A presidenta, Cristina Fernández, reapareceu na quarta-feira em um ato público na Casa Rosada depois de 34 dias de silêncio. Mas não fez nenhuma menção à desvalorização do peso. Fernández apresentou um plano de ajuda econômica para 1,5 milhão de jovens entre 18 e 24 anos que não estudam nem trabalham. O plano consiste em outorgar-lhes 600 pesos ao mês (equivalentes a 86 dólares no mercado oficial e 50 no paralelo). O programa foi considerado positivo, inclusive entre a imprensa mais crítica. Mas o silêncio a respeito da desvalorização do peso gerou numerosas críticas.

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