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Não diga au-au, diga olá

Pesquisadores escandinavos desenvolvem um aparelho capaz de converter em palavras os pensamentos dos cães

Os pesquisadores provam um protótipo do Não More Woof em um cão.
Os pesquisadores provam um protótipo do Não More Woof em um cão.Cedida por la Sociedad Nórdica para la Invención y el Descubrimiento

Os cães falantes já não pertencem apenas aos filmes, desenhos animados e aplicativos de celulares. Um grupo de pesquisadores escandinavos se propôs a tarefa de tirar do mundo da fantasia as palavras dos mascotes e colocá-las na vida real. E agora já estão prontos para mostrar ao mundo a primeira versão do No More Woof (Sem Mais Latidos), um dispositivo portátil e externo que é capaz de traduzir os pensamentos dos cães para a linguagem humana.

O projeto pode soar um tanto disparatado, mas seus criadores dizem que é bastante singelo, já que se vale de mecanismos técnicos já utilizados em outras áreas, como a eletroencefalografia e a microcomputação. “A tecnologia já está aí, o que fizemos basicamente foi empacotar de uma maneira diferente”, diz Per Cromwell, co-fundador da Sociedade Nórdica para a Invenção e a Descoberta, o laboratório que se dedica a desenvolver o produto.

O aparelho mede os sinais elétricos da mente do animal por meio de sensores de encefalogramas. Logo uma interface computadorizada os converte em palavras, que são proferidas por um pequeno dispositivo acoplado ao aparelho. “Todo o cérebro gera padrões quando pensa. Então só temos que mapear estes padrões e interpretá-los. No caso dos cães, conseguimos identificar e distinguir entre as sensações de cansaço, aborrecimento, curiosidade e fome”, explica Cromwell.

Embora por enquanto os cães só podem se expressar com um único tipo de voz, os pesquisadores estão trabalhando para que exista um leque de campainhas e sons que se adaptem à raça e à personalidade da cada cão. Além disso, pretendem oferecer o produto não só em inglês, mas também em francês, espanhol e chinês.

Os pesquisadores trabalham com um leque de campainhas e sons que se adaptem à raça e à personalidade dos cães

“Escutar o que está pensando um animal é um conceito fascinante, e poder se comunicar com eles é um sonho para muitas pessoas”, diz Cromwell sobre o enorme interesse gerado pelo seu projeto na plataforma de crowdfunding Indiegogo. Em menos de um mês, eles conseguiram arrecadar 47.200 reais (20.000 dólares) –o dobro da meta estabelecida- para financiar sua pesquisa. “Foi assustador, devo dizer”, diz o co-fundador.

Na página da campanha pode se contribuir com pequenas doações ou adquirir adiantado um protótipo do produto. Há quatro versões disponíveis na pré-venda, cujos preços variam entre 65 e 600 dólares, de acordo com a quantidade de funções e o grau de precisão do dispositivo. Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que todos os protótipos iniciais (que os compradores receberão dentro de dois meses) serão muito básicos: “Embora estejamos encantados com os resultados até o momento, gostaríamos de enfatizar que este é um trabalho em evolução, não um produto acabado.”

A Sociedade Nórdica para a Invenção e a Descoberta é um pequeno laboratório fundado por um grupo de comunicadores de profissão que descobriram que “criar produtos interessantes é bem mais divertido que fazer publicidade ou relações públicas”. Além do No More Woof, se empenham em desenvolver outros aparelhos igualmente inusitados, como o tapete que voa por meio de ímãs, a escopeta que dispara sementes de flor em vez de balas ou a cadeira-rede que recarrega o seu tablet.

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