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O primeiro-ministro japonês irrita a China e a Coreia do Sul

Shinzo Abe visita um santuário que presta homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial, incluindo vários criminosos

O primeiro-ministro Abe (no centro) visita o santuário.
O primeiro-ministro Abe (no centro) visita o santuário.FRANCK ROBICHON (EFE)

A visita feita hoje, pelo primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, a um controverso santuário de Tóquio onde se presta homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial - incluindo vários criminosos de guerra - desatou a cólera da China e da Coreia do Sul, que o consideram um símbolo do militarismo nipônico, bem como a desaprovação de Washington.

A China expressou imediatamente sua "visível irritação" pela visita que demonstra "o desprezo em relação aos sentimentos do povo chinês", segundo um comunicado do Ministério de Assuntos Exteriores publicado pela agência France Presse. "A essência das visitas dos responsáveis japoneses ao santuário de Yasukuni é magnificar a história da agressão militarista e da dominação colonial do Japão", país que "deverá assumir as consequências", acrescentava o texto.

Por sua vez, o ministro sul-coreano da Cultura, Yoo Jin-Ryong, expressou a "cólera" de seu país pela visita. A embaixada dos EUA em Tóquio mostrou sua "decepção"  pela visita de Abe, que "poderia exacerbar as tensões" com os vizinhos do Japão.

A visita ao santuário de Yasukuni, que honra aos mortos de guerra do Japão, foi uma surpresa. Até agora, Abe tinha se abstido de ir, e frisava que queria evitar converter o assunto em uma questão diplomática. No local, presta-se homenagem aos 2,5 milhões de militares mortos na Guerra. Em 1978 incluíram ali os nomes de 14 criminosos, entre eles o do general Hideki Tojo, primeiro-ministro quando o ataque de Pearl Harbour precipitou a entrada dos Estados Unidos na Guerra.

"Expressei meu mais sincero pesar, prestando homenagem e orado pelas almas de todos aqueles que se sacrificaram absolutamente," disse Abe aos jornalistas após visitar o santuário, informa a agência Kyodo News. "Não é minha intenção em absoluto ferir os sentimentos do povo chinês e coreano."

Entre os homenageados pelo santuário xintoísta encontram-se criminosos de guerra executados depois da Segunda Guerra Mundial. Outras visitas anteriores de políticos japoneses enfureceram a China e a Coreia do Sul, vítima da expansão do império nipônico no início do século XX.

Os últimos primeiros-ministros japoneses tinham se abstido de visitas ao santuário nos últimos anos, em uma tentativa de melhorar os relacionamentos com a China e a Coreia do Sul. A visita de Abe é a primeira, desde que o então primeiro-ministro Junichiro Koizumi visitou o local em 2006.

O próprio Abe não visitava o santuário durante seu primeiro período como primeiro-ministro entre 2006 a 2007, mas expressou seu arrependimento repetidas vezes. Esta visita da quinta-feira 26 de dezembro, que chega exatamente em um ano após seu regresso ao poder, é vista como um reflexo de suas convicções, bem como uma tentativa de atrair o apoio do grupo conservador.

Vestindo trajes formais e seguido por helicópteros de meios informativos que mostravam sua visita ao vivo pela televisão, Abe caminhou lentamente para o altar principal do santuário, junto a um grupo de servidores públicos do governo, dirigido por um sacerdote xintoísta. As câmeras de televisão não puderam entrar.

"Obrigado, senhor Abe," gritaram alguns visitantes quando o primeiro-ministro subia em seu carro ao marchar do santuário. "Fez bem," disseram outros.

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