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Jesé supre as carências do Real Madrid

O espanhol aproveita um erro de Guaita e a equipe de Ancelotti se impõe a um Valencia combativo

Jesé comemora o gol da vitória.
Jesé comemora o gol da vitória.A. Saiz (AP)

Carlo Ancelotti percebeu o buraco, aquele que Arbeloa tinha aberto na lateral direita. A entrada de Carvajal nos últimos 15 minutos e de Jesé por esse lado acabou sendo crucial para que o Real Madrid completasse a vitória no Mestalla, a quinta em suas últimas cinco visitas. Mas desta vez não foi tão simples. O Valencia aproveitou a energia de seus jovens, e em especial de Bernat, para minimizar as diferenças técnicas. E conseguiu, até que uma falha do goleiro Guaita pusesse tudo a perder.

Sem constância nem elegância no ataque, e prejudicado por uma defesa pouco confiável, o Real teve ao menos paciência para esperar o seu momento. E desta vez Ancelotti teve também a oportunidade para acertar nas substituições. Para entrar em férias o Real precisava de uma distância ainda recuperável do Barça e do Atlético. Apesar de uma nova derrota, o Valencia saiu satisfeito com seus garotos, à espera da enésima promessa do maná de um suposto comprador do clube que venha recuperar as glórias passadas.

O jogo no Mestalla andou pela esquerda. A de Marcelo para trocar de costa a costa a bola com uma passada milimétrica à caixa torácica de Di Maria. E a do volante argentino para ziguezaguerar entre Bernat e Piatti antes de lançar uma bomba à trave de Guaita.

Di María voltou a deixar claro que vai custar caro ao Real Madrid se tiver de substituí-lo

Considerando o monólogo madrilenho da primeira meia hora, dominada pela mente privilegiada de Xabi Alonso, tudo parecia pressagiar um passeio para a equipe de Ancelotti.

No entanto, algo se ergueu no orgulho de Bernat e do argentino Piatti, os dois ridicularizados no gol inicial, quando o primeiro arrancou e alcançou pela primeira vez a linha de fundo depois de deixar Arbeloa para trás. Ele cruzou para o gol, e Piatti a colocou de cabeça – e Piatti é um dos jogadores mais baixos da Liga (1m63, 20 centímetros menos que Ramos, por exemplo). O 20º gol levado no torneio por Diego López, sinal de uma equipe desafinada na defesa.

Mas o poderio do Real Madrid no ataque é infinito. Em todas as frentes, e também na aérea, apesar de nessa ocasião ter sido favorecido por um erro de visão do bandeirinha. Ele perdeu um impedimento de até quatro atacantes do Real em um cruzamento lateral de falta de Di María.

A zaga valenciana, querendo sair para provocar uma armadilha, deixou Cristiano Ronaldo sozinho, e ele disparou a gol.

O Valencia assumiu sua inferioridade, quis juntar suas linhas e partir para o contra-ataque. Nico Estévez, técnico interino até a chegada de Pizzi, tinha apostado na velocidade de uma linha de três centro-avantes ofensivos, Feghouli, Fede e Piatti, contando com a posição adiantada de Jonas. O atacante brasileiro esteve em clima tenso com Sergio Ramos, que lhe deu um tapa no rosto durante um salto na disputa pela bola.

É quase impossível ver Alonso perder uma bola. Pode ser lento de pernas, como disse Ancelotti, mas isso não o impede de atuar com uma rapidez insuperável para seus adversários. Se sair em junho, o Real Madri vai passar maus bocados para encontrar um substituto. A equipe treinada por Ancelotti se sentiu confortável no início do segundo tempo. Apoiado no controle de Modric e a combatividade de Isco, embora o malaguenho fosse perdendo o brilho.

REAL MADRID, 3-VALENCIA, 2

Valencia: Guaita; João Pereira, Víctor Ruiz, Mathieu, Bernat; Oriol Romeu, Parejo (Banega, min. 83); Feghouli, Fede (Canales, min. 60), Piatti (Guardado, min. 79); e Jonas. Não jogaram: Alves; Ricardo Costa, Javi Fuego e Paco Alcácer.

Real Madrid: Diego López; Arbeloa (Carvajal, min. 79), Sergio Ramos, Nacho, Marcelo; Modric, Xabi Alonso; Di María (Illarramendi, min. 85), Isco (Jesé, min. 73), Cristiano Ronaldo; e Benzema. Não jogaram: Casillas; Casemiro, Morata e Llorente.

Gols: 1x0. Min. 27. Di María. 1-1. Min. 33. Piatti. 2x1. Min. 30. Cristiano. 2x2. Min. 61. Mathieu. 3x2. Min. 80. Jesé.

Árbitro: Teixeira Vitienes. Cartão amarelo para Nacho, Piatti, Mathieu e Arbeloa.

45.000 espectadores no Mestalla.

As opções do Valencia passavam pela exploração da veia veloz de Bernat, mais vivo que Arbeloa no um-contra-um. De um de seus redemoinhos, saudados com entusiasmo pelo estádio, nasceu o escanteio que iria levar novamente ao placar igual.

O cruzamento tranquilo de Parejo encontrou um toque de cabeça impecável do meia Mathieu (outro da esquerda). O Mestalla compreendeu que Arbeloa era uma mina de ouro para o jovem Bernat, que se animou a continuar insistindo.

Como Bernat, Parejo adquiriu um protagonismo inesperado. Entre a lista de brilhantes centro-avantes do Real Madrid, o jogador da cidade de Coslada quis estar à altura. O estádio vibrou como nunca antes em toda a temporada. A presença de Canales, outro ex-Real Madrid, lhe deu mais critério na zona de três quartos. Oriol Romeu também cresceu muito depois de um começo titubeante.

O Real demorou para reagir. Ancelotti tentou colocando Jesé no lugar de Isco. Mas na primeira intervenção do ponta canário ele desviou a bola para a arquibancada. A mudança seguinte foi de Carvajal no lugar de Arbeloa. O técnico italiano trocou toda a sua lateral direita. Por ali entendeu que poderia ferir o Valencia, como aconteceu. O disparo cruzado de Jesé, raspou em Bernat, e Guaita falhou. Jesé justificou as grandes expectativas que desperta. Com Jesé como protagonista, o Real supriu suas carências – defensivas, sobretudo. Não foi a equipe de outras jornadas, mas em suas jornadas mais cinzentas sempre encontra quem aponte para as redes.

Com Benzema sem brilho e Cristiano um pouco apagado, foi o dia de Jesé.

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