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“A tecnologia chinesa compara-se com a dos EUA, não com a da Índia”

Bang Hyochoong dirige o controle aeroespacial da Coreia do Sul: "O mais difícil para a missão chinesa está por chegar"

Bang Hyochoong dirige o Laboratório de Sistemas e Controle Aeroespacial do Instituto Avançado Coreano de Ciência e Tecnologia (KAIST, em sua sigla em inglês) na Coreia do Sul. Desde 2008, também dirige o Laboratório Espacial Nacional, o programa estatal de apoio ao estudo do espaço no país. Doutor em engenharia espacial, Bang entrou no Instituto de Investigação Aeroespacial Coreano em 1995. Atende desde Daejeon, a uns 160 quilômetros ao sul de Seul, e faz questão de que a parte mais difícil que a missão chinesa enfrenta está ainda por chegar. “Uma aterrissagem suave é o maior desafio que a Chang E3 enfrenta”, diz. Afirma que tanto o lançamento como a entrada em órbita são fáceis para a China, que já conseguiu fazer isso, e que a rapidez com que parece ter se desenvolvido a tecnologia para descer à superfície Lua é impressionante.

Pergunta. Qual é a dificuldade da descida suave da sonda?

Resposta. Para aterrissar, a sonda tem que manter estabilidade seguindo a velocidade orbital da Lua de 3.680 quilômetros por hora. É uma tecnologia com um nível de dificuldade muito alto. A fase de descida dos últimos 15 quilômetros ao chão da Lua é muito difícil, as possibilidades de que tenha uma colisão são muito altas.

P. É este passo algo esperado?

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R. A China tem seu próprio estilo. Prepara-se durante muito tempo e de repente anuncia um novo avanço triunfante. Em outros países, os pequenos avanços costumam sair nos meios e podem ser previsto. A maioria de nós pensávamos que o Japão ia ser o seguinte em dar um passo na carreira espacial, mas a velocidade da China foi inesperada.

P. Qual é o objetivo desta missão?

R. A China, assim como o Japão e a Índia, querem o prestígio de ter tecnologia espacial. Os chineses dizem que o objetivo é puramente científico, mas também é uma tentativa de provar sua tecnologia com motivos de segurança nacional.

P. Qual é a diferença entre o programa espacial chinês e o indiano?

R. A tecnologia chinesa está bem mais avançada. Se tivesse que comparar a China com algum país, seria com Estados Unidos, não Índia. Apesar de que sua tecnologia ainda não ter chegado à altura da norte-americana, a China compete com orçamento e inumerável mão de obra.

P. Quais são seus envolvimentos internacionais?

R. A China está seguindo os passos dos Estados Unidos e da Rússia. Ser parte da corrida espacial já tem um significado muito importante. É um símbolo de poder mundial e uma mostra de força militar. A China já é uma potência política e econômica, e agora também espacial.

P. Faz quase 40 anos que aconteceram os lançamentos à Lua. Por que há interesse agora?

R. Durante a guerra fria, investiram-se grandes quantidades de dinheiro e tanto os Estados Unidos como a Rússia tudo por isso. A partir de 2000, houve um novo boom. É um tema de economia mundial.

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